A partir de pesquisas realizadas em escolas públicas no Distrito Federal percebemos que ainda não é possível trabalhar pluralidade cultural porque nós não fomos educados para a diferença, pois a escola desconsidera o pensamento, a sensação, o sentimento e a intuição, a extroversão e a introversão, como também o literal e o abstrato, a palavra e a imagem, a expressão ativa e o silêncio, o corpo, a emoção e a fantasia. Encontramos crianças brincando de brigar na hora do recreio ou usando expressões negativas contra colegas durante as aulas como forma de relacionar-se com o outro.
Normalmente, na nossa cultura, repudiamos a agressividade, a vergonha, o fingimento, a mentira, a traição, o desprezo, a inveja, a covardia e a diferença. Mas é preciso perceber que situações inadequadas e até destrutivas podem ser transformadas com alto teor pedagógico, ou seja, identificadas as situações-limite, agimos, elaborando-as criativamente, sem medo nem vergonha, antes que transbordem. O problema é como, onde e quando. Por isso, não basta o reconhecimento da diferença, é preciso saber lidar com os conflitos pessoais e interpessoais.
Nas escolas, entre familiares ou amigos, percebemos uma certa indiferença ou distância por temores ou desconfianças, pela justificativa de falta de tempo ou pelo individualismo em que vivemos. A afetividade aproxima o Eu e o Outro. A agressividade afasta. A afetividade diz sim, a agressividade diz não. Incorporar o sim e o não à socialização é um dos ensinamentos mais importantes e fundamentais da vida.
A sociedade brasileira é permeada por uma inegável violência estrutural, manifesta em um quadro de injustiças sociais, disparidades econômicas, exclusão e falta de oportunidades que afetam a maioria da população. Esse estado de coisas que se busca ocultar sob a aparência de naturalidade ou inevitabilidade, está na raiz de inúmeras modalidades de violência, mais fáceis de serem evidenciadas.
Violência e adolescente
O fenômeno da violência, em sua complexidade e multicausalidade, tem engolfado também a adolescência. Os adolescentes, ao se envolverem com a violência, quer na condição de vítimas ou na de perpetradores, terminam por sofrer alguma forma de exclusão ou gera no adolescente a necessidade de formar grupos, “estereotipando-se a si próprios, aos seus ideais e aos seus “inimigos”, podendo tornar-se intolerantes e cruéis na sua exclusão de outros que são “diferentes”, como forma de defesa contra esse sentimento pela perda de identidade.
Nesses casos, o adolescente torna-se agente de exclusão, sob o risco de grupos rivais se engalfinharem numa escalada de agressões mútuas por motivos banais. Essa fragilidade interior do adolescente, muitas vezes é mascarada sob atitudes agressivas e tantos fatores de risco – álcool, drogas ilícitas, DST/Aids, brigas, etc. Todos esses fatores levam a destruição de si mesmo e dos relacionamentos familiares.
Um dos fatores para que os adolescentes tenham sido engolfados nessa trama de violência é a dificuldade de pais, profissionais da educação e de saúde, e governantes em compreenderem as características e necessidades dessa etapa da vida.
Qualquer projeto de prevenção da violência passa por uma articulação intersetorial, interdisciplinar, multiprofissional e com organizações da sociedade civil e comunitária que militam pelos direitos humanos e cidadania.
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