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Seja bem vindo! Este blog é a conclusão de um curso de aperfeiçoamento a distância, Chamado Educação para a Diversidade e Cidadania, oferecido na UAB de Franca pela Unesp de Bauru.



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terça-feira, 30 de março de 2010

A educação para a diferença




A humanização crescente do indivíduo consigo mesmo e na sua relação com o outro, resgatando a diferença como riqueza da vida social, estimulando a essência do saber e do aprender dentro do vínculo amoroso entre as pessoas.
Educar para a diferença permite que cada pessoa compreenda seu próprio valor, promovendo a auto-estima como ser humano pleno de dignidade, cooperando na formação de autodefesas a expectativas indevidas que poderiam ser prejudiciais. É preciso que cada vez mais possam existir espaços de convívio que possibilite conhecimentos e vivências que cooperam para que se apure sua percepção de injustiças e manifestações de preconceito e discriminação que recaiam sobre si mesmo, ou que venha a testemunhar - e para que desenvolva atitudes de repúdio a essas práticas.
Essa auto percepção mais elaborada coopera para o fortalecimento da auto-estima, abrindo-se assim para o diálogo com o Outro, para o trabalho de composição de memórias, identidades e projetos coletivos - de sua família, de seu grupo étnico, de seu bairro, de sua cidade ou estado, de sua região e de seu país.
Pela educação, pode-se combater, no plano das atitudes, a discriminação manifestada em gestos, comportamentos e palavras, que afasta e estigmatiza grupos sociais. Partilhar um cotidiano em que o simples "olhar-se" permite a constatação de que todos nós somos provenientes de diferentes famílias, diferentes origens e possuem, cada qual, diferentes histórias, nos permite desenvolver uma experiência de interação "entre diferentes", na qual cada um aprende e cada um ensina. Cada pessoa é única e, por essa singularidade, insubstituível.
É preciso que quando eu falo, tenha uma posição que compreenda a relatividade de opiniões, preferências, gostos, escolhas, é preciso aprender a respeitar o outro, independente de sua idade, sexo, posição social, status, profissão, gostos ou necessidades.
Para enfrentar a "diferença" é preciso discernimento, sensibilidade, intencionalidade e informação. Aqui se coloca a sensibilidade em relação ao outro. Compreender que o jovem infrator é alvo da discriminação, sofre de fato, e profundamente, é condição para que o tutor possa escutar até mesmo o que não foi dito. Como a história do preconceito é muito antiga, muitos dos grupos vítimas de discriminação desenvolveram um medo profundo e uma cautela permanente como reação. O tutor precisa saber que a dor do grito silenciado é mais forte do que a dor pronunciada.
É necessário que sejamos capazes de produzir um processo de ação - reflexão coletiva que engendre uma vontade de transformação e de autonomia das pessoas e grupos, para que possam relacionar-se dentro de padrões éticos de respeito mútuo, reconhecimento das diferenças e desejos de cooperação, superando a violência, o autoritarismo e o oportunismo político, de um lado, e a subserviência, a inércia, o acomodamento e dependência, de outro.
Qualquer projeto de prevenção da violência na escola passa por uma articulação intersetorial, interdisciplinar, multiprofissional e com as organizações da sociedade civil e comunitária que militam pelos direitos humanos e cidadania.

Mais como assim, educação para a diferença?

Partiremos da reflexão de Pierucci: “Somos todos iguais ou somos todos diferentes? Queremos ser iguais ou queremos ser diferentes? Houve um tempo em que a resposta se abrigava, segura de si, no primeiro termo da disjuntiva. Já faz um quarto de século, porém, que a resposta se deslocou. A começar da segunda metade dos anos 70, passamos a nos ver envoltos numa atmosfera cultural e ideológica inteiramente nova, na qual parece generalizar-se em ritmo acelerado e perturbador a consciência de que nós, humanos, somos diferentes de fato, porquanto temos cores diferentes na pele e nos olhos, temos sexo e gênero diferentes além de preferências sexuais diferentes, somos diferentes na origem familiar e regional, nas tradições e nas lealdades, temos deuses diferentes, diferentes hábitos e gostos, diferentes estilos ou falta de estilo; em suma, somos portadores de pertenças culturais diferentes. Mas somos também diferentes de direito. É o chamado “direito à diferença”, o direito à diferença cultural, o direito de ser, sendo diferente...” (1999: 7).
Em 1998, o Ministério de Educação elaborou os “Parâmetros Curriculares Nacionais” com o objetivo de respeitar as diversidades regionais, culturais e políticas existentes no país e considerar a necessidade de construir referências nacionais comuns ao processo educativo em todas as regiões brasileiras. Foram incorporados os “Temas Transversais”, como Ética, Meio Ambiente, Saúde, Orientação Sexual, Trabalho, Consumo e Pluralidade Cultural.
O desafio da escola é “reconhecer a diversidade como parte inseparável da identidade nacional e dar a conhecer a riqueza representada por essa diversidade etnocultural que compõe o patrimônio sociocultural brasileiro, investindo na superação de qualquer tipo de discriminação e valorizando a trajetória particular dos grupos que compõem a sociedade. Neste sentido, a escola deve ser local de aprendizagem de que as regras do espaço público permitem a coexistência, em igualdades, dos diferentes. O trabalho com Pluralidade Cultural se dá a cada instante, exige que a escola alimente uma “Cultura de Paz”, baseada na tolerância, no respeito aos direitos humanos e na noção de cidadania compartilhada por todos os brasileiros” (MEC/SEF 1998).
Dois fundamentos ou motivações de natureza muito desigual intervêm nos programas multiculturais:
1) necessidade de integrar as minorias ou massas procedentes de outras culturas no sistema social, através da educação, sem eliminar a cultura de procedência, fazendo-o no sistema de escola única com um currículo comum, evitando a rejeição às instituições escolares por parte das minorias – o que seria , certamente, uma rejeição à sociedade. Levar isso em consideração é uma medida preventiva para aliviar o fracasso escolar a que dá lugar enfrentar um sistema de valores e de conhecimento muito alheio ao de origem;
2) por outro lado, uma motivação democrática e ética pelo respeito a outras culturas diferentes da própria na escolarização de seus membros. Uma idéia que leva a colocar a necessidade de um certo relativismo cultural que combata o etnocentrismo em sociedades plurais.
O multicultural mostra que o diálogo entre as diferentes culturas é enriquecedor, mesmo que sua meta não é a afetiva comunicação entre culturas. O multicultural ajuda a descobrir a face de nossa própria cultura espelhada em outra cultura.
O intercultural é claramente favorecido pelo desenvolvimento dos transportes e da comunicação e pela globalização econômica. A descoberta de culturas outrora pouco conhecidas ou desconhecidas fez emergirem potencialidades insuspeitadas de nossa própria cultura.
Obviamente, o multicultural e o intercultural não garantem sozinhos a comunicação entre todas as culturas, o que pressupõem uma linguagem universal fundada em valores compartilhados, mas certamente são um passo importante em direção ao advento da comunicação transcultural.
O transcultural designa a abertura de todas as culturas para aquilo que as atravessa e as ultrapassa. Nenhuma cultura se constitui em um lugar privilegiado a partir do qual podemos julgar as outras culturas. Cada cultura é a atualização de uma potencialidade do ser humano, em um lugar específico da terra e em diferentes momentos da história. Diferentes lugares da terra e diferentes momentos da história analisaram diferentes potencialidades do ser humano, isto é, diferentes culturas. É a totalidade aberta do ser humano que constitui o "lugar sem lugar" do que atravessa e transcende a cultura.
A pluralidade complexa das culturas e a unidade aberta do transcultural coexistem na visão transdisciplinar. O transcultural é a ponta de lança da cultura transdisciplinar. As diferentes culturas são as diferentes facetas do ser humano. O multicultural permite a interpretação de uma cultura pela outra; o intercultural permite a fertilização de uma cultura pela outra; e o transcultural assegura a tradução de uma cultura para várias outras culturas, decifrando o significado que as une, embora também as ultrapasse.
A linguagem transcultural, que permite o diálogo entre todas as culturas e impede a homogeneização, é um dos principais aspectos da pesquisa transdisciplinar.

A Evolução Transdisciplinar do Aprender

O advento de uma nova cultura capaz de contribuir para a eliminação das tensões que ameaçam a vida de nosso planeta será impossível sem um novo tipo de educação que leve em consideração todas as dimensões do ser humano. Todas as várias tensões - econômicas, culturais, espirituais - são inevitavelmente perpetuadas e aprofundadas por um sistema educacional fundado em valores de outro século e pelo desequilíbrio acelerado entre as estruturas sociais contemporâneas e as mudanças que estão acontecendo no mundo atual.
Nicolescu comenta que “apesar da enorme diversidade dos sistemas de educação de um país para outro, a mundialização dos desafios de nossa época leva a mundialização dos problemas da educação. Os diversos abalos que atravessam a área de educação num ou noutro país são os sintomas de uma única e mesma fissura: a da desarmonia que existe entre valores e as realidades de uma vida planetária em mutação. Embora não exista receita milagrosa, há um centro comum de questionamento que convém não ocultar se quisermos realmente viver em um mundo harmonioso” (2000:54).
Os métodos transdisciplinares na educação, em concordância com a metodologia transdisciplinar, estão contidos na Declaração de Locarno; em seguida apresentarei os quatro-pilares de um novo tipo de educação: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver junto e aprender a ser.

Aprender a conhecer:
Significa ser capaz de estabelecer pontes - entre os diferentes saberes, entre estes saberes e seus significados para nossa vida cotidiana, entre estes saberes e significados e nossa capacidades interiores. Esta abordagem transdisciplinar será o complemento indispensável do procedimento disciplinar, pois ela conduzirá ao surgimento de seres continuamente re-ligados, capazes de se adaptarem às exigências cambiantes da vida profissional e dotados de uma permanente flexibilidade sempre orientada em direção à atualização de suas potencialidades interiores.

Aprender a fazer:
É uma aprendizagem de criatividade. "Fazer" também significa descobrir o novo, criar, trazer à luz nossas potencialidades criativas.
Criar as condições para o surgimento de pessoas autênticas significa assegurar as condições para a máxima realização de suas potencialidades criativas. A hierarquia social, tantas vezes arbitrária e artificial, pode assim ser substituída pela cooperação de níveis estruturados em função da criatividade pessoal. Ao invés de serem níveis impostos pela competição que não leva em consideração a dimensão interior do ser humano, estes níveis seriam, de fato, níveis de ser. A abordagem transdisciplinar está baseada no equilíbrio entre a pessoa exterior e a pessoa interior. Sem esse equilíbrio, "fazer" não significa nada mais que "se submeter".
Viver em conjunto:
Não significa apenas tolerar as diferenças das opiniões, cor e crenças dos outros; submissão às exigências dos poderosos; navegar entre os meandros de incontáveis conflitos; separar definidamente a vida interior da vida exterior. A atitude transcultural pode ser aprendida. Ela é inata, na medida em que em cada ser existe um âmago sagrado, intangível. Contudo, se essa atitude inata for apenas potencial, ela pode permanecer não atualizada para sempre, ausente de vida e da ação. Para que as normas de uma coletividade sejam respeitadas, elas precisam ser validadas pela experiência interior de cada ser. A atitude transcultural nos permitirá assim compreender mais a nossa cultura, defender melhor os nossos interesses, respeitar melhor as nossas convicções.


Aprender a ser:
Sabemos existir mas como aprender a ser? Podemos começar aprendendo que a palavra "existir" quer dizer, para nós: descobrir nossos condicionamentos, descobrir a harmonia ou desarmonia entre nossa vida individual e nossa vida social, testar as bases de nossas convicções a fim de descobrirmos o que se encontra embaixo. Questionar, questionar sempre.
Aprender a ser também é uma aprendizagem permanente na qual os professores informam os alunos tanto quanto os alunos informam os professores. A formação de uma pessoa passa inevitavelmente pela dimensão transpessoal. O desrespeito por esse acordo necessário explica, em grande parte, uma das tensões fundamentais de nossa época, aquela entre o material e o espiritual.
Há uma inter- relação muito clara entre os quatro pilares do novo sistema de educação: como aprender a fazer aprendendo a conhecer e como aprender a ser aprendendo a viver junto?
Na visão transdisciplinar, há uma trans-relação que liga os quatro pilares do novo sistema de educação e que tem sua origem em nossa própria constituição enquanto seres humanos. Uma educação só pode ser viável ser for uma educação integral do ser humana. Uma educação que se dirige à totalidade aberta do ser humano e não apenas a um dos seus componentes.
A educação atual privilegia o intelecto, em detrimento da sensibilidade e do corpo. Isso foi certamente necessário em determinada época para permitir a explosão do conhecimento. Mas se esse privilégio continuar nos arrastará para a lógica louca da eficiência pela eficiência, que só pode desembocar em nossa autodestruição.

A partilha universal do conhecimento não pode ocorrer sem o surgimento de uma nova aceitação, fundamentada numa atitude transdisciplinar, que implica colocar em prática a visão transcultural, transreligiosa e transnacional. Decorre daí a relação direta e inquestionável entre paz e transdisciplinaridade.
Corrêa (2003) comenta no seu texto que a educação para a paz implica uma nova concepção da experiência escolar e familiar e do papel da própria escola/família. A articulação de seus conceitos, métodos, estratégias e objetivos é complexa e ambiciosa: inclui dimensões ecológicas, históricas, culturais, sociais, políticas e econômicas da realidade e a construção de uma sociedade baseada em princípios éticos e de solidariedade. A proposta de educação para a paz precisa muito mais que boa vontade, conhecimento e disposição de recursos dos educadores. Vivemos em um só mundo, desigual, injusto e diverso, em que temos que fazer frente aos problemas de espécie (esgotamento dos recursos naturais, poluição ambiental, extinção da vida de várias espécies animais e vegetais, risco de holocausto atômico), as relações de dependência geradas por formas de desigualdade (de classe, gênero, étnica, racial) e vulnerabilidade dos direitos econômicos, sociais e políticos de muitos povos e habitantes do planeta.
Pérez (2002) afirma que educar para a paz supõe educar para a mudança social, supõe “educar para considerar a utopia como o motor da história”. Concebemos a educação para a paz “como um processo educativo contínuo e permanente, fundamentado em dois conceitos definidores, o conceito de paz positiva e a perspectiva criativa de conflito, que através da aplicação de métodos problematizantes pretende desenvolver um novo tipo de cultura, a cultura de paz, que ajude as pessoas a desvendar criticamente a realidade, complexa e conflituosa, para poder situar-se diante dela e agir em conseqüência” (Jares 1994:4).
Em qualquer grupo encontraremos similitudes e diferenças entre as pessoas, mas parece que todo o esforço das instituições, seja a família, o Estado, a escola, o sindicato, a igreja é a homogeneização estética, comportamental e de consumo dos indivíduos. Não aprendemos a ver a beleza, o prazer, o criativo da diferença; e quando não atendemos aos padrões de beleza, força e ideais sociais do ter, nos frustramos. Por isso, aprendemos o funcionamento dos relacionamentos e das instituições que afetam diretamente sobre nossas emoções, sem haver espaços para elaborar nossas frustrações. Se o educador(a) conseguir ajudar as pessoas a aprenderem a encontrar-se na sua diferença e a elaborar criativamente suas frustrações, estará contribuindo para diminuir a distância entre as pessoas e estará dando uma enorme contribuição para a formação criativa do Ser.
O afeto é igualmente importante. Ele cria universos. Uma palavra de afeto e/ou admiração, pelo menos uma vez por semana, um olhar, um sorriso, um comentário, uma cobrança afetiva do comportamento podem pontuar a relação individualizada.
É comum que pais falem “vocês” para os filhos, mesmo quando a criança está só, incidindo na falta de diferenciação entre os filhos pela sobrecarga de funções gerais de alimentação, saúde, educação, vestuário, obrigações domésticas, tratando todos os filhos como obrigações a cumprir e não como pessoas. A pior conseqüência do relacionamento familiar exclusivamente em bloco é, talvez, o não aprendizado do modelo de relacionamento individual, íntimo e profundo. Isto acontece também com o professor que se torna uma máquina de transmitir idéias e conceitos e se esquece de se relacionar com a individualidade do seus alunos. Refere-se à classe sempre como um todo, ou a divide entre “bons” e “maus” alunos, esquecendo-se de que cada um é uma pessoa, um pequeno mundo individual cheio de particularidades.
A educação para a diferença se reflete na humanização crescente do indivíduo consigo mesmo e na sua relação com o outro, resgatando a diferença como riqueza da vida social, estimulando a essência do saber e do aprender dentro do vínculo amoroso entre as pessoas.


Educar para a diferença permite que cada pessoa compreenda seu próprio valor, promovendo a auto-estima como ser humano pleno de dignidade, cooperando na formação de autodefesas relativas a expectativas indevidas que poderiam ser prejudiciais. É preciso que cada vez mais possam existir espaços de convívio que possibilitem conhecimentos e vivências que cooperem para que se apure sua percepção de injustiças e manifestações de preconceito e discriminação que recaiam sobre si mesmos, ou que venha a testemunhar - e para que desenvolvam atitudes de repúdio a essas práticas.
Essa auto-percepção mais elaborada coopera para o fortalecimento da auto-estima, abrindo-se assim para o diálogo com o Outro, para o trabalho de composição de memórias, identidades e projetos coletivos - de sua família, de seu grupo étnico, de seu bairro, de sua cidade ou estado, de sua região e de seu país.
Pela educação pode-se combater, no plano das atitudes, a discriminação manifestada em gestos, comportamentos e palavras, que afasta e estigmatiza grupos sociais. Partilhar um cotidiano em que o simples "olhar" permite a constatação de que todos nós somos provenientes de diferentes famílias, diferentes origens e possuem, cada qual, diferentes histórias, nos permite desenvolver uma experiência de interação "entre diferentes", na qual cada um aprende e cada um ensina. Cada pessoa é única e, por essa singularidade, insubstituível.
No diálogo, precisamos ter uma posição que compreenda a relatividade de opiniões, preferências, gostos, escolhas, é preciso aprender a respeitar o outro, independente de sua cor, idade, sexo, posição social, status, profissão, gostos ou necessidades. Aqui se coloca a sensibilidade em relação ao outro.



Aprender a aprender



Para enfrentar a "diferença" é preciso discernimento, sensibilidade, intencionalidade, escuta e informação. Aquele que é alvo da discriminação, sofre de fato, e profundamente, e o educador precisa escutar até mesmo o que não foi dito. Como a história do preconceito é muito antiga, muitos grupos vítimas de discriminação desenvolveram um medo profundo e uma cautela permanente como reação. O educador precisa saber que a dor do grito silenciado é mais forte do que a dor pronunciada. De maneira que trabalhar o preconceito que temos sobre determinada pessoa ou coisa é fundamental para estabelecer uma relação mais verdadeira e um diálogo fecundo. Eu e o Outro interagimos tendo a oportunidade igual de expressar nossas semelhanças e diferenças, ou seja, o Eu e o Outro temos a liberdade de vivenciar toda a sua realidade. Eu sou diferente do Outro, mas também seu igual.
É necessário que sejamos capazes de produzir um processo de ação- reflexão coletiva que engendre uma vontade de transformação e de autonomia das pessoas e grupos, para que possam relacionar-se dentro de padrões éticos de respeito mútuo, reconhecimento das diferenças e desejos de cooperação, superando a violência, o autoritarismo e o oportunismo político, de um lado, e a subserviência, a inércia, o acomodamento e dependência, de outro.
O objetivo da educação para a diferença é harmonizar a convivência de diferentes grupos sociais; promover a justiça social considerando as distinções dos segmentos sociais; permitir o acesso de todos os seres humanos aos bens intelectuais, materiais, espirituais e naturais; assim como mobilizar a todos para a aceitação de si mesmo que é diferente do Outro e, por esta razão, somos muito mais enriquecidos nesta convivência dos diferentes.


REFERÊNCIAS:


- BRASIL. MEC. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais, Brasília: Secretaria de Educação Fundamental, 1998.
- BYINGTON, Carlos Amadeu Botelho. Pedagogia Simbólica: a construção amorosa do conhecimento do Ser; Rio de Janeiro: Record: Rosa dos Tempos, 1996.
CORRÊA, Rosângela. Cultura, educação para, sobre e na paz. In: Cultura de Paz: estratégias, mapas e bússolas. Salvador: INPAZ, 2003.
- NICOLESCU, Basarab. A prática da transdisciplinaridade. In: Educação e transdisciplinaridade. Brasília: Unesco, 2000.
- MONTERO, Paula. “Diversidade Cultural: inclusão, exclusão e sincretismo”, in Juarez Dayrell (org.) “Múltiplos Olhares sobre educação e Cultura”, Belo Horizonte: ED. UFMG, 1996.
- PÉREZ SERRANO, Gloria. Educação em Valores: como educar para a Democracia. Porto Alegre: Artmed, 2002.
- PIERUCCI, Antônio Flávio. Ciladas da diferença, São Paulo: USP, Ed.34, 1999.
- STOLKE, Verena. “Cultura européia: uma nova retórica de exclusão”, Revista Brasileira de Ciências Sociais, ANPOCS, n.22, v. 8, junho 1993.

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